Centro de Estudos Africanos

Investigador: Carlos Bavo

Supervisores: Ana Paula Marques e Jean-Yves Durand

Financiador (s): Sem financiador (Auto – financiamento)

Data de início / Termino: (4 anos) Setembro de 2015 – Junho de 2019

Abstract do projecto: A chegada das independências nas antigas colónias europeias em África significou uma série de desafios da mais diversa ordem. Um destes desafios consistiu na necessidade de impor o poder dos novos Estados em toda a extensão territorial, o que obrigou a múltiplas estratégias de atuação, desde as mais subtis até àquelas radicadas na coação. Neste trabalho tomámos o exemplo de Moçambique, que ficou independente em 1975, para discutir o modo como uma intervenção concreta inscrita na política de saúde, neste caso as campanhas de vacinação, configurou uma estratégia de fortalecimento da presença e legitimidade da administração estatal; das técnicas de regulação social e por, via disso, um elemento constitutivo do projeto de Moçambique independente. De facto, nos anos seguintes à independência de Moçambique, entre 1976 e 1978, foram levadas a cabo campanhas de vacinação que cobriram mais de 90% da população e que, por isso, mereceram elogios da Organização Mundial da Saúde (OMS) por serem das mais bem-sucedidas do mundo.

Neste contexto, as perguntas de investigação podem assim ser resumidas: em que medida o sucesso das campanhas de vacinação pode ter sido construído politicamente, com o beneplácito da OMS? Em que medida esta intervenção permitiu efetivar a administração do estatal em Moçambique? Como é que a população local interpretou esta intervenção sanitária nos seus contextos do quotidiano e a incorporou discursivamente? Do ponto de vista do Estado, como foram interpretados os resultados de tal empreendimento?

Do ponto de vista teórico a pesquisa integra-se nos debates sobre o uso de técnicas sanitárias (biomedicina) no processo da governação da população que, na sociologia de poder de Michel Facoult, resume-se no conceito de biopolítica. O trabalho sustenta-se numa investigação empírica a realizar-se em Moçambique com recurso a fontes documentais, inquérito por questionário e entrevistas em profundidade a diversos atores sociais (desde responsáveis pelas políticas de saúde e profissionais da área até aos próprios utentes dos serviços de saúde).

Palavras-chave: vacinas, política de saúde e biopolítica.

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